sábado, 25 de abril de 2015

Batmóvel Super Powers Custom - Parte 3 (Final)

Sim, meus queridos, depois de um longo e tenebroso inverno, eis que o trabalho foi terminado! 

Cinco longos anos se passaram, nos quais alguns problemas profissionais e pessoais me afastaram desse projeto e do meu hobby. Também houveram diversas dificuldades e obstáculos com a parte de acabamento desse trabalho que QUASE me fizeram desistir. Porém, minha obstinação (ah, quem eu quero enganar?) teimosia e o fato de eu ser um grande cabeça-dura foram fundamentais para repetir a pintura e aplicação de verniz umas quinze vezes em cada peça externa da lataria do veículo.

E a cada tentativa mal sucedida, eu era obrigado a retornar à etapa de lixamento, nova camada de tinta e aplicação de verniz. Assim, um projeto que deveria levar alguns finais de semana acabou consumindo meses e anos das minhas horas livres. Felizmente, porém, eu cresci nos anos 1980 e por isso tive a oportunidade de jogar Megaman, Yo! Noid, Ninja Gaiden e outros games que considero fundamentais na minha formação, pois eles fizeram com que eu me habituasse com a frustração desde cedo. =P

Enfim, nos capítulos anteriores (veja a parte 1a parte 2) fiz um breve histórico da peça e do andamento inicial da pintura, após ter de lavar praticamente todos os componentes devido à sujeira e poeira (se eu soubesse no que estava me metendo...). E justamente nessa etapa começaram os problemas. 

Eu quis inovar fazendo detalhes em amarelo sobre o capô e atrás da cabine, mas até que eles ficassem perfeitos (ou o mais próximo disso) foram necessárias muitas tentativas de pintura.

Como era praticamente impossível recuperar as calotas cromadas, eu optei por pintá-las com uma cor chamada "prata quebec" (é uma tinta automotiva, isto é, feita para pintura de automóveis reais). Para dar uma disfarçada no desgaste das rodas, pintei-as com um preto liso (o ideal seria substituí-las por outras mais novas, mas considerando que esse brinquedo tem aproximadamente 30 anos, imagino que seria impossível achar peças em boas condições). As rodas foram as peças mais fáceis e uma das poucas que eu não precisei refazer again and again and again...

Com relação aos adesivos (ou decais, como preferem os modelistas), os únicos que eu tinha originais eram os dois do painel do carro. Pedi a um grande amigo (Leandro Koller) que os refizesse da melhor maneira possível, dado o mau estado de conservação dos mesmos. Não ficaram idênticos aos originais, mas ajudaram a melhorar o aspecto como um todo e, como o objetivo no trabalho é customizar e não apenas restaurar, esses novos adesivos cumpriram sua finalidade.  Os adesivos do interior da cabine entre os bancos foram adaptados a partir de reprolabels dos Transformers G1 Apeface e Menasor.

A parte dos propulsores eu simplesmente pintei de vermelho (já que os adesivos originais também se perderam há muito tempo e eu não tinta parâmetros de referência melhores). Assim, eles perderam a característica de propulsores e agora se parecem mais com faróis traseiros, os quais inexistem na versão original (o que é muito estranho, por ser um carro cheio de detalhes).

Os faróis dianteiros foram repintados, mas só a parte branca. Essa parte também foi fácil. Os para-brisas tiveram de ser lixados à exaustão e receberam camadas sucessivas de verniz até que ficassem bons.

Na parte inferior eu resolvi realçar os detalhes do "motor" do veículo e, como essa era uma das partes mais desgastadas, resolvi usar um pouco de betume para "sujar", tornando essas peças mais parecidas com as de um automóvel real, ou seja, desgastadas, impregnadas de óleo, fuligem, poeira, etc.

O interior da cabine foi um terrível pesadelo. Parece relativamente simples pintar os bancos e alguns detalhes que o original não possui, mas esses pequenos detalhes tiveram de ser refeitos dezenas de vezes. Nessa parte da cabine comecei a perceber um problema que eu iria enfrentar no momento de aplicar o verniz automotivo na parte superior e inferior da lataria do batmóvel: quando eu aplicava o verniz brilhante de um lado, o outro ficava opaco. Se eu começava de cima, na hora de envernizar a parte de baixo, aquela parte superior que eu havia acabado de envernizar ficava fosca. O batmóvel é uma peça muito grande e muito larga para um aerógrafo pequeno. Eu acredito que o ideal seria ter um revólver de tinta para ter um jato de verniz mais amplo e que levaria mais tempo para secar. No meu caso, a solução foi aplicar camadas grossas de verniz, indo e voltando por todos os lados (e recarregando o aerógrafo rapidamente) para fazer com que a camada só começasse a secar quando eu realmente notasse que toda a superfície das peças estava brilhante e recoberta com essa camada grossa de verniz.


Eu escolhi um tom de azul perolizado mais escuro que o original. O preto do capô também é perolizado. Gosto muito do efeito que as pinturas com tinta perolizada permitem (um certo brilho dentro da própria cor). Esse tom de azul é mais sóbrio e se encaixa bem no modelo do veículo e na época em que ele foi usado. Se bem me lembro, pouco antes da Crise nas Infinitas Terras (1980-1986) esse era o modelo de batmóvel usado pelo Batman e nele já se nota um distanciamento daquele modelo clássico dos anos 60 e uma evolução do modelo usado durante os anos 1970. O Batman ainda não é "o Cavaleiro das Trevas", mas suas histórias nesse período apresentam um tom mais sério, sombrio, melancólico. A época das piadas e do non sense já havia sido deixada para trás. Obviamente, se a intenção fosse apenas restaurar, a cor utilizada teria de ser mais clara. Contudo, desde o início a minha visão para o projeto era fazer algo diferente, portanto me considero realizado com o resultado final. 

E por falar em resultado final, ei-lo:



Todos os mecanismos funcionam perfeitamente.




Na falta do Robin, Batman chamou o Aquaman para dar um rolê. É uma cilada, Bino!



Apesar de não serem originais, os adesivos no console do carro ficaram muito bacanas.






Gostaria de dedicar esse trabalho à minha noiva. Esse é mais um desafio superado na nossa história. =)

E também agradeço a todos aqueles que me incentivaram a continuar apesar das dificuldades, aos meus familiares pela paciência e, principalmente, aos leitores pelo interesse.




sábado, 29 de outubro de 2011

Novos Thundercats



Os anos 80 foram repletos de desenhos memoráveis... He-Man, Galaxy Rangers, Transformers, G.I. Joe (Comandos em Ação) e, sim, Thundercats (o preferido da maior parte dos garotos da época).

Ainda me lembro muito bem que o desenho original dos Gatos do Trovão era exibido na Globo, aos domingos, sempre a partir do meio-dia. Essa animação era seguida de Transformers e G.I. Joe, formando uma "trinca" de desenhos que eu fazia questão de assistir a qualquer custo.

Lembro que Thundercats foi um fenômeno instantâneo e a garotada ficou simplesmente alucinada com o desenho e, mais tarde, com a linha de brinquedos, muito embora a qualidade dessa linha fosse inferior a outras similares, como a do He-Man e Superpowers (veja algumas delas aqui).



Nessa época minha irmã trabalhava numa grande loja de departamentos e um dia ela trouxe para casa um catálogo com os lançamentos da Glasslite (a empresa de brinquedos que concorria com a então poderosa Estrela, na época) e ali pude ver "em primeira mão" a coleção dos Thundercats... que me impressionou bastante.

Que eu me lembre, o desenho teve quatro temporadas, sendo que, inicialmente, a previsão era de apenas duas (e deveria se encerrar com a coroação definitiva de Lion-O). Porém, como o desenho alcançou uma popularidade incrível, os produtores decidiram fazer mais duas temporadas (com roteiros que fugiam da ideia original e que deixavam a desejar). Mas mesmo assim a recepção foi boa e hoje em dia é muito difícil encontrar um adulto entre 30 e 40 anos que não se lembre dos Thundercats (veja o tema de abertura dos episódios aqui).



Desde então muitos rumores surgiram sobre um possível filme ou remake do desenho, mas por muito tempo tudo não passou de rumores.

O fato é que alguns anos atrás esse projeto deixou de ser um rumor e o desenho começou a ser produzido. Já nas primeiras imagens divulgadas, foi possível perceber que os produtores tinham uma ideia diferente do conceito original, o que, por si só, obviamente foi motivo de críticas pelos mais saudosistas.

A nova versão dos Gatos do Trovão não guarda muitas semelhanças com a antiga. Agora, os gatos são a espécie mais forte e dominante do Terceiro Mundo. Thundera é um país (e não mais o planeta de origem deles), governado pelo rei Claudus que, por sua vez, possui dois herdeiros: Tygra e Lion-o (sim, eles são irmãos, e o mais estranho é que, embora Tygra seja o mais velho, é Lion-o o herdeiro direto do rei). Há uma antiga profecia sobre um grande rei que irá enfrentar o grande adversário Mumm-Ra, mas a maioria dos gatos acredita tratar-se apenas de uma lenda.

Thundera é um reino sem tecnologia (?!)... Ok, eu sei o quanto essa frase é errada, mas, no desenho, o que se quer dizer é que os Thunderianos não possuem equipamentos eletrônicos. Tais equipamentos são considerados uma lenda, assim como as antigas histórias sobre Mumm-Ra.


Não pretendo narrar todo o primeiro episódio, principalmente porque nem sei se o desenho já começou a ser exibido no Brasil (e por cautela vou evitar spoilers), mas gostaria de fazer algumas comparações. Em primeiro lugar, achei o roteiro mal-amarrado e muito pouco convincente. As relações entre as personagens são bastante superficiais e pouco trabalhadas, exceto, talvez, a rivalidade entre os irmãos Lion-o e Tygra. E enquanto o desenho antigo procurava explorar a inexperiência e o amadurecimento forçado de Lion-o, o novo apresenta um príncipe ambíguo, capaz de atos de clemência e de feroz arrogância sem motivos aparentes. Aliás, como espectador, senti que Lion-o não possui nem a metade do carisma necessário para um protagonista. A espada de Omens continua sendo a principal e maior arma dos Thundercats, mas mesmo ela não é retratada com a mesma solenidade. A trilha sonora também não se destaca (o que é triste, porque essa era uma das maiores qualidades do desenho original). 

E apesar de tudo isso, é bem possível que esse novo desenho faça sucesso, considerando a baixa qualidade das animações atuais. No entanto, para aqueles que cresceram com os desenhos dos anos 80 e 90 (especificamente os feitos pela DC) esse remake não convence. 








domingo, 2 de outubro de 2011

God of War: Chains of Olympus



O principal motivo que me levou a comprar um Playstation 2 foi justamente o jogo God of War (GoW). O pessoal do Studio Santa Monica realmente superou tudo o que já havia sido feito em matéria de beat´ups e, sem dúvida alguma, contribuiu decisivamente para que o gênero não fosse extinto. 

Por isso, quando soube que o terceiro capítulo da epopeia de Kratos seria feito para o Playstation 3 tive de esperar pacientemente até o console chegar a um patamar de preço aceitável (lembrando que, na época de seu lançamento por aqui as lojas vendiam o PS3 por R$ 7.000,00 - sete mil reais) e, depois de quatro anos, quando finalmente consegui um, ainda precisei aguardar um ano para jogar GoW 3. Honestamente, acho que a terceira parte conclui aquilo que se iniciou no primeiro jogo e fecha a trilogia com o mesmo "espírito" das tragédias gregas mais conhecidas (vide a história de Édipo ou a de Aquiles). Mas o fato é que GoW3 não conseguiu me surpreender tanto quanto as versões anteriores e, talvez por causa das contínuas alterações da equipe de produção ao longo da trilogia, o "capítulo final" não tenha a mesma "pegada". Não se trata de um jogo ruim, pelo contrário, ele é ótimo, mas talvez seja difícil superar o nível estabelecido nos dois primeiros games.

God of War: Chains of Olympus era originalmente um jogo para a plataforma portátil da Sony (o Playstation Portable, mais conhecido como PSP)  e, embora eu ache que o futuro dos videogames estará nas plataformas portáteis, assim como diversos outros aplicativos surgidos a partir do êxito dos telefones celulares (como o iPod)  não tive coragem de comprar um PSP apenas para jogar um único jogo. E mesmo quando um segundo jogo do espartano para PSP foi anunciado (Ghost of Sparta) eu não mudei de ideia (ainda bem!). 

Portanto, vocês podem imaginar a minha alegria ao saber que os dois God of War lançados originalmente para o PSP ganhariam versões para o PS3. O fato é que, depois de jogá-lo, tenho a mesma opinião de GoW3: o jogo não tem a mesma grandeza das versões para o PS2. É claro que, por ser um jogo inicialmente desenvolvido para um console portátil, era de se esperar alterações e adaptações, dadas as diferenças entre o PSP e seus "parentes" dos consoles mais potentes. 


No que diz respeito à cronologia da série, Chains of Olympus não acrescenta muito, mas faz um elo de ligação com o vídeo adicional que é possível destravar após concluir o GoW (PS2) no god mode, no qual a mãe de Kratos revela que ele é filho de Zeus e, portanto, um semideus. 


A trilha sonora do jogo não deixa a desejar e, assim como os gráficos, mantém o mesmo nível da série. De uma forma geral, achei o jogo muito fácil, sendo que o único personagem que realmente impõe certa dificuldade é a chefe final (Persephone) e, mesmo assim, quando você descobre "a manha" para derrotá-la a luta não dura muito tempo. 

O fato é que Chains of Olympus é legal e vale a pena ser conhecido. Agora que terminei o jogo, pretendo começar o Challenge of Hades e descobrir o que será destravado quando o desafio for vencido. Depois, quero iniciar o segundo jogo, Ghost of Sparta, lançado após GoW3, mas que, cronologicamente, se situa entre o primeiro jogo da série no PS2 e o segundo.


E para quem se interessou, é possível adquirir o jogo na Playstation Store por um valor razoável.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As Crônicas do Gelo e do Fogo - Volume 1: A Guerra dos Tronos

"- Quando se joga o jogo dos tronos, ganha-se ou perde. Não existe meio-termo."
Cersei Lannister 



É difícil encontrar alguma matéria a respeito desse livro (ou da série de TV homônima) que não faça comparações entre esta coleção de George R. R. Martin e a obra de J. R. R. Tolkien. Não considero essas comparações muito adequadas.

Para começar, os protagonistas de A Guerra dos Tronos não são criaturas detestáveis, como os Hobbits. Todas as personagens da história são humanas e, graças aos deuses, não passam todo o tempo reclamando e chorando igual o Frodo & Cia. Também não temos aquela divisão básica entre mocinhos e bandidos. As personagens foram agraciadas com características mais humanas e, por isso mesmo, se apresentam muitas vezes contraditórias, imorais e até mesmo perdidas, mas sempre com um objetivo bem definido. 

A linha divisória entre os personagens pretensamente "bons" e "maus" é mal definida, tal como acontece na vida real. Enquanto alguns personagens supostamente "dignos" praticam atos de extrema crueldade (ou de desonra), outros, tidos como canalhas, são capazes de demonstrações de bondade (pelo menos quando isso lhes convém).


Tolkien era um estudioso de línguas, tanto que criou uma linguagem própria para elfos e outra para homens, além de uma extensa cronologia que precede os acontecimentos da Trilogia dos Anéis (vide O Silmarillion). Criar esse macro-universo é um feito admirável, mas, por outro lado, a riqueza da história da Terra Média fez com que as personagens não fossem muito exploradas. No geral, nota-se que as personagens de O Senhor dos Anéis são o que John Byrne chama de "bidimensionais", ou seja, desprovidos de personalidade ou características marcantes. Efetivamente, temos que aceitar que Aragorn, Légolas, Frodo e Sam são bons... porque sim. 


Em A Guerra dos Tronos a história é diferente. Como eu disse antes, é muito difícil conseguir conceituar a maior parte das personagens e dividí-las entre boas e más, justamente por causa de suas características humanas: ambição, inveja, ira, ganância, ciúme... Mas uma coisa que o leitor percebe desde as primeiras páginas é que cada personagem  tem motivações próprias, que definem muito bem sua personalidade e sua interação com os outros. 


Ao contrário de Tolkien, George Martin prefere moderar os elementos místicos e priorizar os combates e batalhas (ao menos nesse primeiro volume). Por esse e outros aspectos, a criação do escritor americano está muito mais próxima da obra de Robert E. Howard (especialmente Rei KullConan e Salomão Kane). 


"- Não há na Terra criatura que seja , nem de longe, tão  aterradora como
 um homem verdadeiramente justo."

Varys


Portanto, acho que defendi meu ponto de vista satisfatoriamente e posso passar a discorrer sobre o primeiro volume da obra em si.


A edição nacional reúne os dois volumes iniciais da coleção, o que resultou num verdadeiro tijolo com mais de 500 páginas e com fonte menor do que o padrão nacional. Inicialmente, o tamanho da fonte me incomodou, mas com o tempo acabei me acostumando. E por falar em incômodo, a grande bola fora do livro é a péssima tradução e adaptação do texto. Há erros que infelizmente se repetem com uma frequência muito além do aceitável. O texto usa tanto "leite de papoula" (a forma mais correta) quanto "leite da papoula" (a forma mais utilizada).  A espada dos Tarly se chama Veneno do Coração ou Coração da Morte? Afinal de contas, quais são os nomes corretos?


Quanto à história propriamente, a trama se passa em Westeros, outrora Sete Reinos, mas atualmente unificados em um único Reino, dividido em províncias. O Reino é governado por Robert, da Casa (ou família) Baratheon, que destronou o antigo Rei Aerys, da dinastia Thargaryen. Robert e seu grupo de rebeldes mataram os descendentes de Aerys (exceto seus filhos Viserys e Daenerys) e, com isso, tomou para si a coroa. Posteriormente, o novo Rei desposou Cersei, da Casa Lannister e, juntos, fundaram uma nova dinastia real.


Em Westeros, o Rei dispõe de uma espécie de "primeiro-ministro", chamado de "Mão do Rei". E Robert decide convidar seu amigo de infância Eddard, da Casa Stark, para ocupar o posto, uma vez que seu antigo ocupante, Jon Arryn, havia falecido recentemente.




Eddard descobre que não pode confiar nos Lannister e tampouco nos auxiliares diretos do reino, razão pela qual a vida do Rei corre perigo. Há um mistério por trás da morte de Jon Arryn e, para desvendá-lo, Eddard não tem escolha a não ser aceitar o convite real e se tornar a nova "Mão". 

Este é o ponto de partida para uma trama recheada de intrigas, traições, atos de bravura e vários outros elementos que acabam seduzindo o leitor. Não se sabe se a história se passa no planeta Terra, mas é inegável que o período histórico se assemelha à nossa Idade Média. O Reino é dividido em quatro grandes territórios (ou feudos): Norte, Leste, Sul e Oeste, sendo que cada um deles é governado por seu respectivo "Protetor", ou seja, o chefe de uma grande família (mais especificamente, o senhor feudal da região). As grandes famílias, por sua vez, possuem outras famílias "menores" (menos ricas, com poderio militar inferior e não tão antigas) como vassalas, a exemplo do que ocorria no sistema feudal. 






George Martin aboliu os títulos de nobreza e utilizou apenas o de "cavaleiro" (sor), embora seja  possível supor que os quatro Protetores (Stark, Arryn, Tirell e Lannister) seriam equivalentes a Duques no Reino. O autor criou palavras novas para definir algumas funções de personagens, como os meistres (sábios que reúnem conhecimentos variados, como medicina, astronomia, geologia, história, etc) e septões (religiosos). Também trocou o sir (título de cavaleiro) por sor. Não sei até que ponto isso foi útil, mas o fato é que o leitor precisa ler muitas páginas até entender o que esses adjetivos realmente significam.

Cada capítulo possui o nome de uma personagem, que é o narrador dele, a partir de seu ponto de vista particular. Por isso nem sempre há imparcialidade na abordagem dos fatos e o leitor se sente transportado para o interior da mente de cada personagem, compartilhando  com ela seus pensamentos, desejos e segredos. Essa é uma experiência simplesmente espetacular, já que a variedade e contrastes entre as personalidades das personagens é, sem dúvida, um dos pontos altos do livro. 


Os fãs do gênero de capa-e-espada, bem como, os leitores que apenas gostam de boas histórias, devem curtir muito o livro e, como eu, devem sentir bastante curiosidade para acompanhar a série em live action da HBO, mesmo que essa adaptação não seja tão fiel à obra original.  


Se os deuses forem bons, a qualidade do enredo será mantida nos próximos volumes. 


Assim espero!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Capitão América: O Primeiro Vingador



Sabe aqueles filmes que você espera ver em DVD? Esse era meu plano para essa produção, assinada pelo Marvel Studios. Mas eu realmente gosto de ir ao cinema (pelo menos até ter uma TV de 60 polegadas em casa) e por isso resolvi vê-lo no fim de semana de estréia (ok, eu não tinha nada melhor pra fazer, mas deixa pra lá...).

O fato é que o filme foi uma agradável surpresa. Eu previa um pastiche estrelado por Chris Evans (um ator medíocre, na melhor das hipóteses), com patriotadas ainda mais grosseiras do que as dos filmes do Michael Bay. E por falar no Evans, alguém precisa explicar para esse rapaz que há uma grande diferença entre fazer uma cara séria (própria do Steve Rogers) e uma cara triste (mais adequada para os personagens emos de Crepúsculo). =P 



Para sorte dos espectadores, o Capitão usa um tipo de capacete com máscara, que encobre a maior parte da cabeça e do rosto de Evans, de modo que sua cara de bebê chorão não é tão visível.

Bom, já deu para perceber que a "interpretação" do Evans não é o ponto alto do filme, certo? Então vamos aos aspectos positivos. O filme é bem ambientado nos anos 1940, quando a Segunda Guerra Mundial estava em seu ápice. Os Estados Unidos entraram no conflito, quando finalmente o presidente Roosevelt acordou de seu estado de torpor e finalmente percebeu que, se a Inglaterra fosse derrotada, nem mesmo os E.U.A. seriam capazes de vencer as forças do Eixo sozinhos. 

Do lado dos nazistas, Hitler decidiu criar uma divisão de ciência e pesquisa, responsável por desenvolver armas que seriam utilizadas contra os Aliados. No entanto, Johann Schmidt (Hugo Weaving), chefe dessa divisão, tem seus próprios planos. E eles consistem em utilizar a imensa energia gerada pelo recém-descoberto "cubo de Odin" (uma variante do cubo cósmico?) para criar armas e, com elas, dominar o mundo. Por isso, Schmidt logo "proclama a independência" de sua divisão, que passa a atuar como um grupo separado do restante do exército nazista. 




Os aliados não estão alheios aos atos de Schmidt e, por isso, decidem investir no "projeto super-soldado". Como o próprio nome diz, a intenção desse projeto era elevar ao máximo a capacidade física de um ser-humano, tornando-o um soldado altamente eficiente no campo de batalha. A "cobaia" escolhida para o experimento é o jovem franzino Steve Rogers, um garoto ingênuo e idealista. Essa faceta frágil de Steve nunca foi muito explorada nos quadrinhos, mas no cinema há um amplo desenvolvimento da personagem, o que é muito bom, tanto para  o entendimento da trama, quanto da própria personagem. Aliás, esse filme tem um roteiro muito melhor e com menos furos do que Thor e Homem de Ferro 2


A origem do Capitão do cinema é diferente das versões apresentadas nos quadrinhos, mas  felizmente as mudanças não prejudicaram o filme e até contribuíram para deixá-lo mais "realista" (tanto quanto uma história de super-herói pode ser). Há grandes cenas de ação e em nenhum momento o filme chega a ser cansativo, como TF3. O diretor Joe Johnston soube contar sua história e utilizou muito bem os recursos tecnológicos disponíveis (não, não estou falando do 3D, eu me refiro aos efeitos especiais, como a cabeça do Evans no corpo de um outro ator, na primeira parte da película). 






Senti falta de uma trilha sonora mais "atuante", ou de uma "música tema" para o herói. Mas considerando que o filme é ambientado nos anos 40, as músicas da época não cairiam no gosto do público de hoje e, talvez, essa "omissão" tenha sido mais um acerto do que uma falha.


O Capitão América do cinema se parece muito com sua versão Ultimate, não só visualmente, mas também quanto à sua personalidade e atitudes (basta dizer que ele se utiliza de todo o tipo de arma disponível e não só o escudo). Mas, ao contrário do herói dos quadrinhos, ele não é um grande líder. E apesar de ser uma das características mais marcantes da personagem, infelizmente a capacidade de liderança foi deixada de lado. Nessa adaptação, o Capitão é uma inspiração por seu exemplo, não por seus talentos no comando das tropas.


É um filme divertido e, de longe, superior ao já citado filme do Thor, contrariando as expectativas de muitos (inclusive as minhas). Vale a pena conferir! Nota: 8. 


E para finalizar, gostaria de agradecer a todos os leitores que acompanham o blog. Valeu mesmo pessoal! Vocês são 10!  =)


Sei que deixei muitos artigos e projetos inacabados, mas, na medida do possível, pretendo retomar os customs e os reviews em breve. Aguardem! 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Transformers 3: O Lado Oculto da Lua



Vou ser honesto: não tinha grandes expectativas para esse filme. Como muitos outros fãs, eu esperava apenas que não fosse tão ruim quanto TF2: Revenge of the Fallen (ROTF). 

E o que dizer de TF3: Dark of the Moon (DOTM)? Bem, ele alcançou minha expectativa, no sentido de não ser ruim quanto seu antecessor, mas ainda assim não pode ser considerado  bom. "Mediano" seria um adjetivo mais adequado. 

O filme começa explorando a primeira viagem tripulada à Lua e, supostamente, o "verdadeiro objetivo" da missão: descobrir o que se encontra no Lado Escuro da Lua (no caso, uma espaçonave Autobot). Há cenas reais e reconstituições com sósias dos presidentes Kenedy e Nixon, nas quais o roteirista e o diretor decidiram massagear o ego dos americanos, mas tais cenas não acrescentam absolutamente NADA na história e poderiam perfeitamente ter sido resumidas em poucos minutos. 

As "patriotadas" típicas de Michael Bay também estão de volta, só que dessa vez o controverso diretor vai além: em um dado momento do filme, os Autobots participam de missões para "solucionar" conflitos humanos, como, por exemplo, atacar uma base nuclear considerada "ilegal" pelos EUA. Em outras palavras, os Autobots se tornaram agentes do governo americano, em troca de seu asilo no planeta Terra. Não preciso dizer o quanto isso foi dispensável, nem o quanto me enoja...

Outro "detalhe" que como sempre ganhou mais destaque do que deveria é a personagem Sam Witwick (Shia LaBeouf), agora recém-formado e desempregado. Como no filme anterior, seu relacionamento amoroso (com a modelo Rosie Huntington-Whiteley) é massante e, muitas vezes, a história pessoal de Sam atrapalha o desenvolvimento do filme, já que certos momentos de suspense ou ação são intercalados pela vidinha enfadonha da personagem.

O roteiro, a exemplo dos filmes anteriores, tem vários furos. Um dos maiores ocorre na cena onde Sentinel Prime é revivido na base do N.E.S.T. por Optimus e, imediatamente, passa a ter conhecimento do idioma inglês e das leis da física conhecidas pela humanidade (?!), apesar de nunca ter tido contato com os terrestres antes.

Há personagens sub-aproveitados, como o Shockwave (que aparentemente é o único Decepticon "não-figurante" que não fala inglês). É triste constatar que até o Laserbeak tem participação mais ativa no filme do que ele. 


E por falar em personagens, tenho que fazer uma menção sobre algo que me incomodou bastante. 


ATENÇÃO: SPOILERS ABAIXO!
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Optimus Prime extermina adversários caídos e que não oferecem qualquer possibilidade de resistência. Na luta final com Sentinel Prime, Optimus é salvo por Megatron, mas não demonstra nenhuma gratidão por isso. Pelo contrário, assim que se coloca de pé, Optimus ignora o pedido de trégua de Megatron e o ataca com uma selvageria extrema, eliminando-o. Em seguida, Optimus avança sobre Sentinel, que se encontra caído, desarmado e bastante avariado, de forma que não poderia mais representar nenhum perigo... e Optimus destrói Sentinel, enquanto ele se arrastava pelo chão. 


Sejamos francos: o que Optimus fez se chama E-XE-CU-ÇÃO. Foi algo torpe e nem um pouco digno para um líder Autobot. Talvez os americanos hoje aprovem esse tipo de atitude mas, considerando as milhões de crianças pelo mundo que assistiram e ainda vão assistir esse filme, só tenho a lamentar.  
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FIM DOS SPOILERS
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Mas nem tudo é ruim. Tive a oportunidade de assistir TF3 num cinema IMAX e tenho que reconhecer que esse filme superou os anteriores em matéria de efeitos especiais. Mas padece do mesmo problema que outras produções que se utilizam desse recurso, isto é, não exploram o IMAX e o 3D em seu potencial máximo, pelo menos não na maior parte do filme.

As cenas de ação também melhoraram, assim como as cenas de destruição. Podemos dizer que TF3 é um verdadeiro disaster movie. Também há um maior sentido para a cooperação entre Autobots e terrestres. Desta vez, há uma maior interação entre os robôs, o que contribui muito para o desenvolvimento da trama.






Algumas pessoas ficaram tristes com mortes de personagens carismáticos ou veteranos, mas, convenhamos, os Transformers estão em guerra e soldados morrem em guerras... Então até acho que nesse ponto há certa coerência.

Para um filme que se arrasta por mais de duas horas, achei o final meio "abrupto". Até permaneci na sala de cinema até o fim dos créditos, porque acreditava que iria haver uma "conclusão" para a trilogia, mas isso não aconteceu. Aliás, quem qualquer um que não seja fã de Transformers e assistir os 3 filmes em sequência vai achar tudo muito confuso. As tramas não são bem amarradas e isso se deve ao fato dos produtores não terem planejado e desenvolvido seu universo cinematográfico (como a Marvel fez, de forma até pioneira). Cada filme dos Transformers teve um time de roteiristas diferente e isso teve consequências. A pior delas é que eles se comunicam muito mal entre si e algumas referências citadas nas continuações sequer amenizam o problema. E até mesmo a possibilidade de uma nova trilogia (devido à imensa bilheteria de TF3) provavelmente não deve significar melhorias na qualidade das histórias, afinal, se o estúdio obtém um sucesso comercial incrível com um produto meia-boca, pra quê se dar ao trabalho de melhorar? 


Nota 7 (porque estou de bom humor).   =P

domingo, 5 de junho de 2011

Thor




Thor Odinson. Senhor do Trovão e mestre da Tempestade. Deus nórdico, filho e herdeiro do soberano Odin ao trono de Asgard. A ele foi dedicado o quinto dia da semana (Thursday em inglês e Torsdag, em dinamarquês e norueguês).

E as semelhanças do deus mitológico com a personagem de quadrinhos criada por Jack Kirby, Larry Lieber e Stan Lee páram por aí. Muitos críticos (e possivelmente muitos espectadores) fizeram comentários negativos sobre a película, justamente por ignorar que o herói apresentado nas telas não é a representação do deus mitológico, mas sim a da personagem de HQ´s. E compreender isso é importante, porque há grandes divergências entre ambos.


Quando se trata de adaptar quadrinhos para o cinema, há três caminhos possíveis: o primeiro é alterar quase completamente o personagem; o segundo é fazer a versão cinematográfica o mais fiel possível aos quadrinhos e, a última, mesclar elementos dos quadrinhos com características novas. Não por acaso, a terceira possibilidade é a mais usada em Holywood. Executivos adoram "dar pitacos" na produção, principalmente porque acham que suas "sugestões" vão potencializar o retorno financeiro dos filmes.


E este foi o caminho que a Marvel seguiu para o filme do Thor. A versão do cinema agrega elementos do herói criado na década de 1960, características da versão Ultimate e alguns detalhes novos (por exemplo, o fato da deusa Frigga ser a possível mãe de Thor, ao invés de Jord). 


Mas quando o roteirista faz isso, ele precisa apresentar as personagens e conceitos com certa clareza, ou a maioria dos espectadores não entenderá nada. Por exemplo: no filme os asgardianos são alienígenas. Eles ajudaram a humanidade no passado e, devido às suas excepcionais habilidades, foram confundidos com deuses. Os asgardianos dispõem de uma tecnologia avançadíssima, a ponto de criar um mecanismo de transporte (a ponte Byfrost, ou do Arco-ìris) para outros mundos. 


ENTÃO POR QUE DIABOS ELES USAM CAVALOS?????


Sim, essa incoerência incomoda, apesar do fato dos asgardianos também usarem cavalos nos quadrinhos. Mas como eu disse acima, o estúdio optou por mesclar o Thor clássico com o Ultimate e, sendo assim, poderia ter "corrigido" certas inconsistências... afinal não estamos mais na década de 60

Tentei assistir o filme não como um leitor de HQ´s, mas sob a perspectiva de uma pessoa que nunca leu um gibi do Thor na vida. E me impressionei com a falta de cuidado dos roteiristas nesse sentido. Em nenhum momento se explica o que é o "sono de Odin"*, por exemplo. As inter-relações entre personagens são muito rasas - pra dizer o mínimo - e o público não compreende porque alguns personagens agem de uma forma ou de outra. 


De fato, os Gigantes do Gelo são uma raça cruel, que pretende dominar os mais fracos, assim como os humanos fazem entre si, desde a antiguidade. Mas Odin é bom e defende a raça humana... porque sim.  =P


Sério, a falta de motivação também se estende a Loki, cujo intérprete (Tom Hiddleston ) não soube construir um vilão notoriamente conhecido por suas trapaças. O Loki ideal deve ser ambíguo, manipulador, traiçoeiro e mentiroso. Mas tudo isso de forma dissimulada. E não é isso que vemos no filme. A princípio Loki aparenta ser bom, depois há uma mudança radical, sem transições (e muito mal explorada, por sinal). Consequentemente, a personagem perdeu o rumo. Faltou malícia na interpretação do vilão, assim como faltou mais empenho por parte dos roteiristas.


E por falar em interpretação, Chris Hemsworth até que dá conta do recado (como Thor), mas pra mim, a versão dele é "sorridente" demais (encarar novos desafios com um sorriso no rosto é algo típico do Lanterna Verde, não do Thor!). E mais uma vez, Antony Hopkins parece não ter se esforçado muito em seu papel de Odin. Embora veterano, Hopkins simplesmente usou o estereótipo de "velho sábio", como em Alexandre, o Grande e tantos outros filmes. Sua participação, portanto, nada teve de especial.


Mas se houve falhas no roteiro e na interpretação de personagens, também houve acertos, como a direção de Kenneth Branagh. Sou fã declarado de TODAS as adaptações das peças de Shakeaspeare feitas pelo Branagh. Por isso sabia que, como diretor, seu trabalho não deixaria a desejar. Ele fez corretamente seu trabalho (apesar do roteiro ruim) e merece crédito por isso. A trilha sonora também é ótima e até que o figurino não ficou tão espalhafatoso quanto se imaginava, no início da produção do filme.

Confesso que não gostei das cenas de voo de Thor e fiquei um tanto constrangido com elas, assim como no "momento de catarse", quando o herói recupera seu martelo.


A bem da verdade, o estúdio da Marvel não conseguiu fazer um filme tão divertido quanto os dois primeiros do Homem de Ferro. E uso a palavra "divertido" porque não considero os filmes estrelados por Robert Downey Jr. bons. Pelo menos, não tão bons quanto os dois primeiros filmes do Homem-Aranha, produzidos pela Sony. E nem quero fazer comparações com Batman - The Dark Knight, pra não humilhar.   =P


Então o que dizer? Bem, eu não assistiria de novo. Nota 6.






* Sono de Odin. Nos quadrinhos, Odin é um ser extremamente poderoso e a utilização desses poderes consome grandes quantidades de energia. Por isso, de tempos em tempos,  ele necessita restaurar suas forças, permanecendo inerte, como se estivesse adormecido, por um determinado período.