Depois de duas edições excelentes, a Atrasini nos presenteia com uma revista morna. E não é para menos: não há nenhuma história do Grant Morrison nesse número. Foi meio decepcionante abrir a revista e ver nos créditos das duas primeiras histórias o nome do Judd Winick. Ele é um dos piores roteiristas em atividade na DC e, inexplicavelmente, continua bem conceituado entre os executivos e editores.
Mas as mudanças não param por aí. Frank Quitely cede o lugar para Mark Bagley (o artista que se notabilizou desenhando um nariz na máscara do Homem-Aranha ultimate). Portanto, há uma perceptível queda de qualidade tanto no roteiro quanto nos desenhos. Sim, eu disse que o Quitely não tinha um traço adequado para o Batman, mas tenho que admitir que, para o novo Batman e, principalmente para o título Batman & Robin, ele é o cara. Quitely conseguia imprimir um tom lúdico e mais leve para as tramas da Morcega, deixando-as quase cômicas. Poucos desenhistas conseguem passar para o papel certas situações malucas pensadas pelo Morrison com tanta competência e personalidade.
Com Mark Bagley, o tom sombrio de sempre retorna e não acrescenta nada de novo à arte. Winick também não se esmera (pra variar) na elaboração do enredo e o resultado é pífio. Dick Grayson prossegue tentando manter vivos a imagem e o legado de seu mentor. Para isso, ele age abertamente e até se permite ser filmado, coisa impensável para Bruce Wayne. O objetivo de Dick é mostrar tanto para a população quanto para o submundo que, ao contrário dos boatos, o guardião de Gotham está vivo. Duas-Caras e Pinguim continuam a duelar pelo controle do crime na cidade e o primeiro faz uma descoberta importante ao assistir um dos vídeos com recentes ações da Morcega: Batman esboça um sorriso durante a luta. O vilão então deduz que aquele não é o Batman; pelo menos não aquele que ele conheceu. A partir daí ele inicia um plano para sabotar os negócios de seu rival Pinguim e, ao mesmo tempo, acabar com o novo herói da cidade. Os pontos positivos se referem, mais uma vez, ao aprofundamento da personalidade das personagens e na forma como elas se relacionam (não devemos esquecer que, embora o Morrison não assine os roteiros, o careca supervisionou todos os títulos regulares para que nenhum deles saísse do contexto por ele criado). A conclusão do arco fica para a próxima edição.
A dupla Paul Dini e Dustin Nguyen se encarrega da terceira e última história. Tommy Elliot continua esbanjando dinheiro e se fazendo passar por Bruce Wayne publicamente, o que irrita não só Dick e Damian, mas também vários aliados do Batman original. A solução para o problema é feita no melhor estilo deus ex machina e os heróis preferem deixar Elliot solto, mas sob vigilância. Há uma certa contradição cronológica com as histórias de Winick, porque na trama do Paul Dini o chefão do crime continua sendo o Máscara Negra. Pode ser que isso tenha ocorrido por se tratar de uma história extraída de um título diferente nos E.U.A. (Streets of Gotham) e que talvez tenha sido lançado num momento cronológico anterior às duas primeiras histórias da edição nacional, já que, pela leitura, percebe-se que no decorrer dos fatos o Máscara Negra acabou sendo destronado e Duas-Caras e Pinguim lutam para assumir seu lugar. Mas isso não fica claro e obviamente o editor poderia ajudar a esclarecer as coisas acrescentando um texto explicativo e talvez alterando a ordem das histórias. Bola fora Levi Trindade.
No geral, é uma edição mediana. Ao contrário das duas anteriores, nesta não se tem a sensação e a satisfação de se ter lido um bom conteúdo. Espero que as coisas melhorem no mês que vem.
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