domingo, 5 de dezembro de 2010

Red - aposentados e perigosos



Bruce Willis é conhecido por ser um ator de filmes de ação. Quando você lê o nome dele nos créditos, já pode imaginar do que se trata. Mas nem sempre foi assim, já que o ator ganhou fama num seriado de comédia (A Gata e o Rato) e também já fez papéis dramáticos com desenvoltura (como em O Sexto Sentido).

Mas o importante é que aqui Willis volta ao gênero que marcou sua carreira desde Duro de Matar: ação com pitadas de comédia.

Na trama, Willis interpreta o ex-agente da CIA Frank Moses, que se aposentou há anos. Ele leva uma vida insuportavelmente entediante e solitária. Mas Moses não é como a maioria dos aposentados americanos que praticamente vivem na frente da televisão. Nos momentos mais solitários, ele costuma telefonar para uma atendente do serviço do seguro social, chamada Sarah (Mary-Louise Parker). Sarah é uma sonhadora que está bastante descontente com os rumos que sua vida pessoal, profissional e amorosa vem tomando e que adora romances de espionagem. Duas pessoas que vivem em mundos completamente diferentes mas igualmente sozinhas. Já sabemos onde isso vai dar, não é mesmo?

Bem, certa noite Moses sofre uma tentativa de assassinato e descobre que o grupo de assassinos que o atacou pertence à CIA (sua ex-empregadora). Assim, Moses passa a travar uma guerra particular com a agência, na tentativa de descobrir as razões para que a CIA o queira morto, levando Sarah a tira-colo (ele sabia que a moça corria perigo e decidiu levá-la consigo, o que a faz correr perigo também, mas é Hollywood, então deixa pra lá). E como não poderia enfrentar esse enorme problema sozinho, Moses passa a recrutar outros ex-agentes: Joe (Morgan Freeman), Marvin (John Malkovich) e Victoria (Hellen Mirren).

Devo dizer que a participação de John Malkovich engrandece muito o filme. Ele interpreta um veterano que foi cobaia de experimentos militares por anos e hoje carrega as consequências disso. É extremamente paranóico (como muitos americanos) e tem um temperamento bastante instável. Acho que um dos méritos do filme é esse: ele brinca com a paranóia coletiva, primeiro ridicularizando, depois demonstrando que, em muitos casos, o governo realmente faz aquilo que os paranóicos imaginam. Outro grande destaque do elenco é Ernest Bornigne (o eterno Dominic do seriado Águia de Fogo e uma lenda do cinema). Mesmo com mais de noventa anos, sua participação é breve, mas marcante.

O nome do filme é extraído de uma sigla criada para qualificar "aposentados extremamente perigosos" (Retired Extremely  Dangerous), uma definição que cai como uma luva sobre o grupo de Moses. Na verdade, a película é uma adaptação da HQ de mesmo título de Warren Ellis (que eu vergonhosamente ainda não li, então não posso fazer comparações).

Algumas cenas de ação são absurdas, como a maioria dos filmes de Willis, mas, pelo menos aqui, elas servem para rir. Uma boa dose da violência de "Red" é canalizada para o humor. O filme aborda a velha questão sobre o trabalhador que não consegue se adaptar à aposentadoria, o que, no caso, signifca agentes que não conseguem deixar de matar pessoas. As excentricidades e esquisitices dos protagonistas provocam muitas risadas. 

É um filme divertido e que não deve ser levado a sério, mesmo porque seu objetivo não é esse. Se você é fã do Willis, certamente vai gostar. 


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