domingo, 11 de julho de 2010

Transformers: uma paixão infantil

Para falar do meu hobby (customização), é preciso explicar, ou ao menos tentar, minha admiração pelos Transformers. Meu primeiro contato com Transformers ocorreu por conta do desenho animado exibido no Brasil a partir de 1986, pela Rede Globo. Quando me lembro disso, invariavelmente sou obrigado a dizer "bons tempos...".


Naquela época todo garoto aguardava ansiosamente a semana toda até o domingo, quando, a partir do meio-dia, era exibida, na Globo, a trinca de animações Thundercats, Transformers e G.I. Joe (nessa ordem). Era simplesmente detestável quando os episódios não podiam ser exibidos por causa dos horários malucos das corridas de Fórmula 1 ou dos campeonatos de futebol.

Dos três desenhos citados acima, sem dúvida o mais popular era Thundercats. E isso é bem compreensível, dada a qualidade dos efeitos, da animação, o enredo, etc. Mas eu também gostava muito de Transformers, talvez porque, de certa forma, o conceito de robôs que se transformam me lembrasse do saudoso animê Pirata do Espaço... O fato é que eu achava alguns personagens extremamente carismáticos, como o ícone pop Optimus Prime (por aqui chamado de "Líder Optimus"), o canastrão Starscream, o ranzinza Cliffjumper, entre tantos outros.

E aqui cabe uma observação importante sobre o desenho. Ao contrário do que muita gente pensa, os brinquedos da linha Transformers não foram inspirados na animação. Na realidade, ocorreu justamente o contrário. Não pretendo discorrer muito sobre a história dos robôs, mesmo porque há inúmeros artigos na net sobre isso, mas, basicamente, basta saber que, no início dos anos 1980, a empresa americana Hasbro se interessou por duas linhas de brinquedos lançados pela Takara Tomy, chamadas Diaclone e Micromen. Um fato curioso sobre esses robôs é que eles não eram autômatos, isto é, eram máquinas operadas por pilotos humanos. Os robozinhos não tinham nomes e, muito menos, facções.


Não demorou muito para que os executivos da Hasbro avaliassem o grande potencial daquele conceito (robôs que se transformam em objetos) e, assim, os americanos firmaram uma parceria com os japoneses (que perdura até hoje), para lançar, nos EUA, uma primeira leva desses robôs.


Com o intuito de alavancar as vendas, foi encomendado um desenho animado e, a partir daí, foi criado todo o conceito sobre os Transformers, ou seja, seres alienígenas não-orgânicos do planeta Cybertron que, devido a uma grande guerra civil que se arrasta por milhões de anos, encontra-se em grande escassez de recursos energéticos. Existem duas facções que lutam pelo controle do planeta, Autobots e Decepticons, sendo que, em dado momento, os primeiros decidem empreender uma missão de exploração em outros mundos (à bordo da nave "A Arca") para obter os recursos de que seu planeta necessita. Mas ao serem perseguidos e abordados pelos Decepticons, a Arca é avariada e obrigada a fazer um pouso de emergência em um planeta próximo (no caso, a Terra). Por medida de segurança, toda a tripulação (Autobots e Decepticons) é mantida em animação suspensa, mesmo após a chegada à Terra, quando A Arca aterrisa sobre um vulcão.



Milhões de anos depois, em 1984, esse vulcão entra em erupção, o que ativa novamente o computador central da nave (Teletran 1) e este inicia o procedimento padrão de exploração pelo planeta e envia uma sonda-satélite. A sonda grava imagens de vários veículos, como automóveis e aviões, o que faz o computador concluir que as máquinas seriam a população do planeta (assim como Cybertron) e não os seres humanos. Assim, Teletran 1 ativa um dos cybertronianos (Skywarp), que passa a reanimar os seus companheiros Decepticons e, quando a tarefa é concluída, Starscream sugere destruir os Autobots, mas Megatron não concorda, preferindo deixá-los eternamente em animação suspensa. Depois que os Decepticons saem da Arca, Starscream, secretamente, desobedesse as ordens de seu líder e dispara contra a nave, com o intuito de destruir seus inimigos, provocando um grande desmoronamento. No entanto, o desmoronamento fez com que Teletran 1 também ativasse os Autobots.




Rapidamente os Decepticons percebem que o planeta Terra é rico em recursos naturais, que podem ser utilizados como matriz-energética para abastecer Cybertron e propiciar a vitória definitiva contra os Autobots. Por essa razão, Megatron instala sua base na espaçonave utilizada para perseguir A Arca (chamada Nêmesis, que aterrisou no fundo do oceano) e passa a elaborar sucessivos planos para tomar diversas fontes energéticas dos humanos e construir cubos de energon (a fonte de energia dos cybertronianos). Contudo, todas essas tentativas foram frustradas pelos Autobots, muitas vezes com o auxílio dos humanos (principalmente do jovem Spike Witwicky e de seu pai, Sparkplug).

A Hasbro também decidiu investir em quadrinhos e por isso encomendou uma série regular com a Marvel Comics. Alguns dizem que o nome do comandante Decepticon, Megatron, foi idéia do então editor-chefe da Marvel, Jim Shooter. As origens, cronologias e personagens do desenho e das HQ´s seguiram rumos independentes, o que é motivo de muitos debates entre os fãs. Uma das diferenças básicas entre as duas mídias se refere à criação do Planeta Cybertron.

Nos quadrinhos a raça cybertroniana teria surgido em função das lutas de duas divindades extremamente poderosas, chamadas Primus e Unicron. Primus era uma entidade benigna e por muito tempo tentou impedir que Unicron destruísse todo o universo, até que conseguiu aprisionar seu adversário em um asteróide. Mas Primus sabia que aquela prisão não iria conter Unicron para sempre e, por isso, usou seu poder para usar de seu corpo um grande planeta (Cybertron), de onde surgiria uma raça de seres autômatos capazes de enfrentar a maldade de Unicron. Este último, por sua vez, após milhões de anos, também adquiriu a capacidade de transformar o antigo asteróide em um corpo robótico, para infelicidade do universo.


Na versão animada, os cybertronianos foram criados por uma outra ração alienígena, chamada Quintessons e eram utilizados por estes como operários e soldados. Posteriormente os cybertronianos se rebelaram contra a opressão dos Quintessons e os expulsaram de Cybertron e durante algum tempo, houve paz. Mas os militares, liderados por Megatron, passaram a reivindicar cada vez mais autoridade e poder, inclusive para estender seu domínio sobre outros mundos e a divergências oriundas desse pensamento radical fez surgir duas facções: Autobots (os antigos operários) e Decepticons (os militares).


Outros desenhos da época, como Thundercats, também tinham sua versão em quadrinhos, mas não era tão elaborada (nos desenhos e roteiros) quanto Transformers. Outro grande diferencial é que, em 1986, foi feito um longa metragem animado, chamado Transformers - The Movie, que, tanto pelo roteiro quanto pela animação, se aproximava muito dos animês japoneses (muito provavelmente em razão da equipe de asiáticos envolvida no projeto). Esse filme era muito mais sombrio e violento do que a série americana e, de forma inédita, apresentou a morte de diversos robôs, inclusive de Optimus Prime. Aliás, cabe aqui outra observação pessoal: nunca gostei muito do Megatron. Sempre mantive a expectativa de que, um dia, Starscream iria conseguir "puxar o tapete" de seu comandante e assumir a liderança dos Decepticons. E nesse filme tenho que reconhecer que Megatron faz jus à sua posição (sendo o primeiro vilão dos desenhos mainstream que realmente consegue dar cabo do "mocinho") e, ao mesmo tempo, pude assistir, com júbilo, Starscream finalmente alcançar seu objetivo (ainda que por breves momentos).


O filme foi lançado como parte intermediária entre a segunda e terceira temporadas do desenho e, na prática, justificou toda uma nova linha de brinquedos, com novos personagens (não tão carismáticos quanto os originais, na minha opinião). No Brasil apenas alguns dos episódios da terceira temporada foram exibidos nos domingos porque a Globo alterou sua grade de programação e a saudosa "trinca dominical" de desenhos deixou de ser exibida.


O desenho americano se prolongou até a quarta temporada (que conta com apenas três episódios). No Japão a série foi alterada e alguns fatos da terceira e quarta temporadas são desconsiderados. Os japoneses criaram episódios novos para a série até o final da década de 80 e início da de 90 (com o OVA Transformers: Zone).

Desde então foram lançadas diversas séries de Transformers, tanto nos EUA quanto no Japão e tudo o que foi lançado entre o primeiro episódio More Than Meets The Eye e Transformers: Zone, foi chamado de Generation One, ou simplesmente G1. No ocidente, a única série que conseguiu se equipar (ou superar) a original em popularidade foi Beast Wars, lançada em 1996, pela incrível qualidade de roteiros e desenhos. Nesse artigo não pretendo falar sobre cada uma das séries de Transformers, mas, se houver interesse, recomendo esses links: http://http//pt.wikipedia.org/wiki/Transformers_) e http://http//www.tfbrasil.net/animacao.html .


Da mesma forma que outros milhares de fãs, deixei de acompanhar os Transformers após a G1 e os robôs permaneceram nas minhas memórias da infância, mas quando criei uma conta no orkut, uma das primeiras comunidades que procurei foi justamente sobre Transformers. Um pouco antes também tinha acompanhado Beast Wars com grande empolgação e, quando foi anunciado um filme live action, passei a reunir informações sobre o universo dos Transformers e, de certa forma, a retomar o tempo perdido. Sem perceber, eu havia entrado em um meio até então completamente desconhecido: o universo do colecionismo. Mas isso é assunto para outro artigo.

Um comentário:

  1. Oi
    Parabéns o blog ficou ótimo!!!!
    Nem vou falar para você visitar o meu. A última vez que postei foi em fevereiro.

    beijos
    Fabi

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