sábado, 31 de julho de 2010

Review: Batman # 92

Há muito tempo eu não lia um material do Batman que pudesse ser chamado de "empolgante". Confesso que não gostei das primeiras histórias do Grant Morrison nos títulos da Morcega. A idéia de substituir Bruce Wayne pelo Dick Grayson não é nova, pois isso já foi feito no arco Filho Pródigo, que sucedeu a mal-formulada Queda do Morcego. No Brasil essas duas fases foram publicadas pela Abril no saudoso (?) formatinho.

Quando li artigos sobre os planos do escocês maluco para o Batman, também não me animei muito. Acontece que eu sou meio purista em relação às personagens de HQ´s e a inclusão do filho do Bruce e Tália no universo regular me fez torcer o nariz muitas vezes e justamente por esse motivo não acompanhei o arco Batman R.I.P. . Mas tenho acompanhado algumas análises de edições recentes de Batman & Robin e o público americano (que também sabe ser muito conservador, quando quer) parece ter gostado do trabalho do careca.

Muito bem, acho que já deu pra perceber que não sou fã de tudo o que o Morrison escreve para os quadrinhos, certo? Ótimo, porque a partir de agora eu vou poder fazer os merecidos elogios para essa edição sem parecer um fanboy.

Como eu disse antes, a idéia do Dick assumir o posto de Batman no UDC não é muito original. A diferença aqui é que o Morrison traçou um plano e uma meta bem definida para essa mudança e sabe conduzir a trama de forma que até os leitores mais chatos (como eu) são seduzidos pelo desdobramento da história e pela interação entre as personagens. Acredito que o escocês queria apresentar uma nova faceta para o Batman e isso não seria possível se Bruce Wayne continuasse sob a máscara. Dick é mais descontraído, um cara que pega pesado quando é preciso, mas sem ser soturno e anti-social como seu antigo mentor. É muito interessante ver como ele se relaciona com Damian porque, aparentemente, eles têm uma relação típica e não-assumida de irmão mais velho e irmão mais novo.

Aliás, o garoto merece um comentário à parte. Ao todo, no universo regular, quatro personagens já ocuparam o posto de Robin: Dick Grayson, Jason Todd, Tim Drake e Stephanie Brown. E a história é sempre a mesma: todos os Robins são obrigados a trabalhar estritamente conforme a vontade ou as instruções do Batman, sob pena de demissão por justa causa. Todos os aliados de Bruce Wayne fazem o que ele deseja/planeja, por bem ou por mal, conscientemente ou não. É sério, pergunte ao Superman.  =P

O fato é que mais um Robin não acrescentaria nada de novo (seja ele quem fosse), a menos que outra pessoa estivesse no lugar do Wayne. E é aí que a mecânica do enredo começa a funcionar. Quando Morrison coloca Dick no papel de Batman e o faz trabalhar juntamente com o Damian, o resultado é algo totalmente novo e interessante. Ora, o que mais Dick poderia fazer com o capetinha senão mantê-lo sob extrema vigilância e controle? E de que forma ele poderia fazer isso em tempo integral, senão manter o menino ao seu lado e inclusive ajudá-lo como novo Robin?

A verdade é que Alfred e Dick têm esperança de que Damian assuma o legado heróico de seu pai algum dia. Mas até lá o moleque terá de mudar seu temperamento difícil e abdicar dos  conceitos recebidos de sua mãe e da Liga dos Assassinos.

O que é mais legal nessa nova dupla dinâmica é que agora temos uma inesperada inversão de papéis: Batman agora é mais extrovertido e menos sisudo, enquanto Robin é arrogante, violento e mau-humorado. Esse detalhe rende diversas situações cômicas e abre um amplo leque de possibilidades a serem exploradas. Em resumo, os novos Batman e Robin são bem diferentes de suas versões anteriores. E justamente por esse motivo a leitura desse título é muito divertida.


Finalmente, vale comentar o trabalho de Frank Quitely. Eu gosto da arte dele, mas quando vi as primeiras imagens disponibilizadas na net sobre a parceria com o Morrison, me convenci de que seu traço não combina muito com o Batman. Contudo, esse pequeno "porém" não chega a ser tão relevante, pois o Quitely deve assinar apenas três edições no total e saber isso me fez apreciar melhor a breve passagem dele pela revista. Admito que as cenas em que ele desenhou o Robin todo convencido à bordo do batmóvel e na qual Batman e Robin planam sobre a Delegacia de Gotham são incríveis.

Enfim, tenho que reconhecer que tanto o Morrison quanto o Quitely fizeram um bom trabalho nessa edição e me deixaram ansioso para ler a próxima, algo muito raro de acontecer atualmente com um título do mainstream.

2 comentários:

  1. muito bom

    sou fã do morcegão...ainda não li esta revistam mas fiquei curioso vou dar uma conferida

    seguindo...
    abraço

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  2. Valeu aí cara! Espero que goste do que está por vir! Abs!

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