domingo, 19 de dezembro de 2010

Review: Batman # 96



A nova dupla dinâmica está incomodando o crime organizado. E os mafiosos resolvem trazer para Gotham um assassino conhecido por sua eficiência e crueldade: o Flamingo. 

Por outro lado, Jason Todd e sua nova ajudante, Sasha (uma das vítimas do vilão Porko), decidem adotar uma nova filosofia, segundo a qual a punição deve equivaler ao crime. Jason e Sasha passam a confrontar criminosos com os nomes de Capuz Vermelho e Escarlate. Não por acaso, muitas vezes são confundidos com Batman e Robin, mas seu estilo mais violento e o rastro de cadáveres indica a diferença de seus métodos. Ao mesmo tempo, Jason começa uma campanha em Gotham para "legitimar" suas ações e, aos poucos, vai conseguindo convencer a população de que fazer justiça com as próprias mãos é aceitável para diminuir a criminalidade na cidade.

Inevitavelmente Batman e Robin acabam confrontando Capuz Vermelho e Escarlate. Mas, devido à impetuosidade de Damian, Todd e Sasha conseguem fugir. Num segundo confronto, estes últimos levam a melhor, mas são interrompidos pela chegada do Flamingo.

Grant Morrison continua construindo seu tabuleiro de xadrez e acrescentando novos peões. O Flamingo é uma personagem bastante diferente do estereótipo de vilão. Resta saber se ele será bem utilizado e o que ele fará diante do confronto de Batman e Robin contra o Capuz e Escarlate. O clima de suspense dessa parte final deixa o leitor com um ponto de interrogação na cabeça e, ao mesmo tempo, com a vontade de ler logo a edição seguinte.

A bola fora das duas primeiras histórias é o desenhista Philip Tan. Sempre achei que um bom roteiro merece uma bela arte. Mas o fato é que o traço de Tan não tem a qualidade necessária  para um título como o Batman. É uma pena que, apesar de ter tantos artistas melhores à disposição (como Ivan Reis e os irmãos Kubert), a DC insista em colocar talentos menores nas revistas de suas principais personagens.    



Na terceira e última história, escrita por Chris Youst e ilustrada por Dustin Nguyen, conhecemos o Padre Mark, um religioso que chega à Gotham com grandes esperanças. Mas, aos poucos, o jovem padre é contaminado pela corrupção da cidade, o que compromete sua fé. Há também um confronto mal-explicado entre a Caçadora e o Morcego Humano pelos telhados de Gotham e os dois acabam caindo justamente sobre a igreja do Padre Mark, o qual, aparentemente, apresenta algum distúrbio mental que o impele a matar seus "visitantes". A conclusão da trama fica para o próximo número. Eu gostaria de falar mais, mas a história se resume a isso mesmo.  =P

E aqui encerro os posts de 2010. Agradeço aos amigos e demais leitores pela audiência e espero que em 2011 continuem acompanhando o blog. E sim, eu sei que preciso terminar e fazer um post sobre o batmóvel (como alguns outros trabalhos), mas tenham paciência, se tudo der certo esse post deve sair em janeiro.



Feliz Natal!

E um ótimo 2011 a todos!


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Só assim pra ler Machado...



Eu vou confessar uma coisa pra vocês: sempre achei as obras de Machado de Assis muito chatas. Lembro que, quando estava lendo "Dom Casmurro" eu sentia vontade de jogar o livro no lixo e somente não fiz isso porque precisava terminar a leitura para um trabalho de escola.

Na verdade, autores como Machado, José de Alencar, Mário de Andrade e Graciliano Ramos viveram em um período histórico muito diferente do atual. Na época deles até podia estar na moda esse estilo excessivamente descritivo, lento, com personagens angustiados e tudo mais (chamado de "realismo"). Até o início do século XX uma carta poderia levar meses para ser entregue ao destinatário.

Por isso acho que o meu problema com "os grandes nomes da literatura nacional" é que o que  eles escreveram não me diz respeito. Faço parte da geração que cresceu com influência predominante da TV, videogames e campanhas de marketing safadas para vender brinquedos, ou seja, um mundo muito mais dinâmico (e sob muitos aspectos mais interessante e com mais atrativos) do que aquele em que Machado vivia.

Não admira que o interesse pela leitura não seja característica do brasileiro. Sempre defendi a ideia de que os jovens deveriam ser estimulados a ler com obras "mais leves", como clássicos da literatura universal, principalmente aqueles escritos por Julio Verne, Charles Dickens, Jack London, entre outros, ou mesmo livros próprios para novos leitores, como a saudosa coleção Vaga-Lume, da editora Ática. Esses livros têm a vantagem de serem feitos para o público infanto-juvenil e acabam despertando o interesse pela leitura e desenvolvendo a capacidade imaginativa e de abstração.

Aliás, desculpem, mas Machado de Assis é superestimado. Sua obra não chega aos pés dos livros do já citado Charles Dickens (quem leu a coletânea "Retratos Ingleses" entende o que estou dizendo) ou mesmo de Shakespeare, um autor que, em sua época, fazia peças populares e que, hoje, é considerado erudito, diante da mediocridade moderna.

E por favor, entendam bem: não sou crítico literário nem tenho a pretensão de julgar os dogmas que certos círculos de "especialistas" estabeleceram. Estou dizendo apenas  que não sinto outra coisa senão tédio quando leio livros de alguns autores nacionais "renomados". E a maioria dos jovens também pensa assim, embora não tenha coragem de admitir. 

Eu me lembro que, durante um curto período em que trabalhei numa editora atendendo professores, cheguei a comentar com alguns deles que os "clássicos nacionais" não seriam os livros mais indicados para crianças de sexta a oitava série, mas os "mestres" se mostravam irredutíveis com a ideia fixa de enfiar os livros goela abaixo de seus alunos.

Por isso li com muita satisfação um artigo recente da revista Superinteressante do mês de novembro p.p., no qual se conclui que a "escola mais atrapalha do que ajuda" na formação do hábito da leitura e, mais, que uma das alternativas para se estimular novos leitores seria a indicação de livros mais próximos da realidade deles. Até que enfim alguém percebeu o óbvio!

E nesse ponto eu retorno à obra em questão. Como eu disse antes, depois de ler "Dom Casmurro" eu fiquei profundamente traumatizado com qualquer coisa que se referisse a Machado de Assis. Mas recentemente a Editora Lua de Papel lançou uma coleção chamada "Clássicos Fantásticos", com a proposta de apresentar aos leitores novas versões de obras famosas, no melhor estilo trash e com características mais atuais.


Dentre os livros dessa coleção, há "A Escrava Isaura e o Vampiro" (de Bernardo Guimarães e Jovane Nunes); "Senhora, a Bruxa" (de José de Alencar e Angélica Lopes); "Dom Casmurro e os Discos Voadores" (de Machado de Assis e Lúcio Manfredi) e, finalmente, "O alienista caçador de mutantes" (de Machado de Assis e Natália Klein).


Escolhi este último para folhear e acabei comprando. A trama se inicia quando um objeto voador não identificado acaba fazendo um pouso forçado na pacata cidade de Itaguaí. Logo após surgem relatos de um vírus alienígena que provoca mutações nos habitantes locais. E em meio a todo o alvoroço causado, surge um pretenso "especialista", chamado Simão Bacamarte, que se diz médico geneticista e que se dedica ao estudo das mutações, razão pela qual passa a ser conhecido como "o alienista", uma mescla de alien e especialista


E a primeira observação é que Natália Klein desenvolveu personagens bastante interessantes. O leitor não consegue deixar de rir com os trejeitos afetados de Bacamarte, ou suas investidas nada discretas ao farmacêutico de Itaguaí (por quem o alienista mantém uma inexplicável atração). Há diversos elementos atuais, como alusões ao Google, Michael Jackson e diversos super-heróis e personagens do cinema e da TV (sim, porque a autora dessa paródia também pertence à minha geração e por isso possui as mesmas influências). Há, evidentemente, um problema cronológico nisso, mas essas alusões foram feitas intencionalmente, talvez como uma forma de diminuir a enorme distância entre o mundo do leitor atual e aquele existente no século XIX. Esse é um recurso muito utilizado no teatro e na teledramaturgia e funciona bem quando se trata de humor.


Há uma pisada de bola no texto, pois a autora confunde o termo "imigrante" (pessoa que se desloca de um país a outro) com "migrante" (pessoa que se desloca de uma região ou estado para outro(a), mas dentro do próprio país). No livro percebe-se que foi utilizado o termo "imigrantes" para designar "migrantes" (como na página 51). Este é um lapso até perdoável para a escritora, dadas as múltiplas atividades as quais ela se dedica, bem como prazos, e etc. Mas o mesmo não se pode dizer da revisora, no caso, a sra. Marília Chaves. Pena que  esta última não estava prestando atenção ao texto que estava revisando.... ela perdeu uma leitura muito legal. Esse pequeno deslize quanto a conhecimentos geográficos básicos tira um pouco o brilho da obra, mas não chega a estragar o barato do livro.  


Eu não vou dizer que essa nova versão seja melhor que a obra original, mas que é mais divertida... ah, isso é! 

domingo, 5 de dezembro de 2010

Red - aposentados e perigosos



Bruce Willis é conhecido por ser um ator de filmes de ação. Quando você lê o nome dele nos créditos, já pode imaginar do que se trata. Mas nem sempre foi assim, já que o ator ganhou fama num seriado de comédia (A Gata e o Rato) e também já fez papéis dramáticos com desenvoltura (como em O Sexto Sentido).

Mas o importante é que aqui Willis volta ao gênero que marcou sua carreira desde Duro de Matar: ação com pitadas de comédia.

Na trama, Willis interpreta o ex-agente da CIA Frank Moses, que se aposentou há anos. Ele leva uma vida insuportavelmente entediante e solitária. Mas Moses não é como a maioria dos aposentados americanos que praticamente vivem na frente da televisão. Nos momentos mais solitários, ele costuma telefonar para uma atendente do serviço do seguro social, chamada Sarah (Mary-Louise Parker). Sarah é uma sonhadora que está bastante descontente com os rumos que sua vida pessoal, profissional e amorosa vem tomando e que adora romances de espionagem. Duas pessoas que vivem em mundos completamente diferentes mas igualmente sozinhas. Já sabemos onde isso vai dar, não é mesmo?

Bem, certa noite Moses sofre uma tentativa de assassinato e descobre que o grupo de assassinos que o atacou pertence à CIA (sua ex-empregadora). Assim, Moses passa a travar uma guerra particular com a agência, na tentativa de descobrir as razões para que a CIA o queira morto, levando Sarah a tira-colo (ele sabia que a moça corria perigo e decidiu levá-la consigo, o que a faz correr perigo também, mas é Hollywood, então deixa pra lá). E como não poderia enfrentar esse enorme problema sozinho, Moses passa a recrutar outros ex-agentes: Joe (Morgan Freeman), Marvin (John Malkovich) e Victoria (Hellen Mirren).

Devo dizer que a participação de John Malkovich engrandece muito o filme. Ele interpreta um veterano que foi cobaia de experimentos militares por anos e hoje carrega as consequências disso. É extremamente paranóico (como muitos americanos) e tem um temperamento bastante instável. Acho que um dos méritos do filme é esse: ele brinca com a paranóia coletiva, primeiro ridicularizando, depois demonstrando que, em muitos casos, o governo realmente faz aquilo que os paranóicos imaginam. Outro grande destaque do elenco é Ernest Bornigne (o eterno Dominic do seriado Águia de Fogo e uma lenda do cinema). Mesmo com mais de noventa anos, sua participação é breve, mas marcante.

O nome do filme é extraído de uma sigla criada para qualificar "aposentados extremamente perigosos" (Retired Extremely  Dangerous), uma definição que cai como uma luva sobre o grupo de Moses. Na verdade, a película é uma adaptação da HQ de mesmo título de Warren Ellis (que eu vergonhosamente ainda não li, então não posso fazer comparações).

Algumas cenas de ação são absurdas, como a maioria dos filmes de Willis, mas, pelo menos aqui, elas servem para rir. Uma boa dose da violência de "Red" é canalizada para o humor. O filme aborda a velha questão sobre o trabalhador que não consegue se adaptar à aposentadoria, o que, no caso, signifca agentes que não conseguem deixar de matar pessoas. As excentricidades e esquisitices dos protagonistas provocam muitas risadas. 

É um filme divertido e que não deve ser levado a sério, mesmo porque seu objetivo não é esse. Se você é fã do Willis, certamente vai gostar. 


sábado, 27 de novembro de 2010

Ironhide Classics Custom





Esse carinha me deu mais trabalho do que eu havia previsto. Apesar de ter um ótimo molde para customização (ou seja, muitos parafusos e poucos pinos), tive bastante dor de cabeça para lixar peças bastante justas entre si. Foram meses inteiros de trabalho, mas o resultado acabou compensando.  =D

Desde que comprei esse item, gostei muito do molde do modo robô (mas nem tanto do modo alternativo) e, ao mesmo tempo, detestei o esquema de cores dele. Na verdade o que eu odeio é o fato de que a Hasbro costuma usar um plástico cinza muito feio e sem pintura alguma para simular detalhes de metal. O tom de vermelho do Ironhide também não ficou bom. E o que dizer desse rosto azul??



Bom, a linha Classics não prima muito pela fidelidade às personagens da G1, tanto que o Bumblebee passou a ser um sedan e o Ironhide se tornou uma S.U.V. (Sport Utility Vehicle). E um veículo mais moderno demanda um esquema de cores mais arrojado. Por isso substituí o vermelho original por outro metalizado. Também acrescentei detalhes metálicos nos pára-choques, pintei as janelas de preto e os faróis, o que o deixou com um visual mais elegante.

A experiência prática me ensinou que, para evitar danos na hora da montagem, é aconselhável passar vaselina líquida nas partes que se encaixam. Mas infelizmente tive a péssima ideia de tentar limpar os excessos com uma flanela antes de tirar as fotos e isso fez com que o item ficasse cheio de fiapos de tecido.  =/


Enfim, eis o resultado de meses:
































Devo admitir que fico orgulhoso por conseguir enxergar meu reflexo no pára-brisa dele.  =D

Deixei as peças meio desencaixadas de propósito no modo alternativo, porque as tintas ainda estão frescas e pretendo evitar muitos danos à pintura, pois cada conversão de um modo para outro gera atritos entre as peças que, infelizmente, descascam a pintura. Por isso itens customizados não devem ser convertidos com frequência.

Tintas poliéster utilizadas: vermelho barroco metalizado, vermelho dakar perolizado, preto "liszt", amarelo cais III metalizado e prata diamante net. 


E para aqueles que me perguntaram sobre o batmóvel, como eu disse antes, ele está quase pronto... tenham um pouco mais de paciência. See ya!  =D


ATUALIZAÇÃO: Meu amigo Leandro Rodrigues é artista plástico e me passou seus e-mails de contato (leandroopcao@yahoo.com.br e leankoller@hotmail.com). Ele me pediu para avisar que pode providenciar máscaras para customs diversos e adesivos para Transformers ou outros colecionáveis, além de esculpir peças e acessórios. Portanto, eventuais interessados podem falar diretamente com ele. =D

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Review: Kickback





Este é um trabalho autoral do artista inglês David Lloyd, famoso pela obra "V de Vingança", produzida em conjunto com seu compatriota Alan Moore. Trata-se de um drama policial, ambientado na fictícia cidade de Franklin City

E em meio ao mar de lama em que as instituições da cidade estão mergulhadas, conhecemos o protagonista da história: Joe Canelli, um policial corrupto que luta diariamente com sua consciência e com os valores recebidos por sua família. Canelli passa a investigar os assassinatos de vários de seus colegas, cujas mortes vão, aos poucos, revelando uma imensa rede de intrigas formada por uma grande e poderosa organização criminosa.  


Franklin City é uma metrópole como outra qualquer e que, nas palavras do autor, possui problemas comuns com os grandes centros urbanos modernos, como violência, corrupção policial, drogas... enfim, para quem vive no Brasil, todos esses temas não são novidade.

Um detalhe interessante sobre essa obra é que os únicos objetos reais reproduzidos pelo artista são os revólveres. Todos os demais, como automóveis, casas e telefones foram concebidos pelo Lloyd, razão pela qual ele chegou a conceituar sua obra como "expressionista" durante o Fest Comix 2010. Outra característica de Kickback é que, assim como "V de Vingança", não há recordatórios ou onomatopéias. O texto é enxuto e bastante objetivo, enquanto a arte se encarrega de transmitir o clima soturno da cidade e que envolve todos os seus habitantes.


No geral, não se pode dizer que Kickback seja um clássico, mas merece ser lido.









E aproveitando o tema do post, gostaria de republicar uma matéria da extinta e saudosa revista Crash (uma revista feita por pessoas que gostavam de HQ´s... não por editoras que querem apenas fazer publicidade para seus títulos e alavancar vendas, como a famigerada Wizmania). Agradeço à minha amiga Lily pela permissão para reproduzir integralmente a entrevista concedida pelo David Lloyd, na época em que ele esteve em São Paulo para recolher material de referência da capital paulista e desenhar o volume da série "Cidades Ilustradas", da qual fora incumbido (veja aqui). Durante o bate-papo, o artista fala sobre o começo de carreira, sua opinião sobre a adaptação cinematográfica de "V de Vingança", seu trabalho com Alan Moore e, lógico, sobre a obra Kickback, entre outros assuntos. 






D de David Llyod
Por Tatiana Napoli, com colaboração de Amaruk Seta / Fotos: Lily Carrol

Era uma sexta-feira sufocante quando a equipe da CRASH se encontrou com David Lloyd em um hotel de São Paulo, cidade que ele irá retratar em seu próximo trabalho, "Cidades Ilustradas", da editora Casa 21.
Mesmo com o calor e o atraso causado pelo trânsito paulistano, David não perdeu o bom humor inglês enquanto falava sobre o início da sua carreira, "V de Vingança", e seu trabalho mais recente (lá fora), "Kickback". Simpático, David ficou encantado ao saber que a CRASH cobre séries de TV, cinema e quadrinhos. "Não há muitas revistas que tratam de quadrinhos na Inglaterra. Isso é ótimo", ele comentou sobre a revista. Confira agora o resultado dessa conversa.

Crash — Nós gostaríamos de começar falando sobre a sua carreira. Como foi sua fase inicial e como você se desenvolveu como artista?
David Lloyd: O primeiro emprego que eu tive foi em um estúdio e fiquei lá por dois anos e meio, mas queria fazer quadrinhos. Enviei idéias de tirinhas para alguns jornais e um deles me escreveu de volta dizendo que tinham achado o material ótimo. Achei fantástico e pedi demissão do meu trabalho. Só que o jornal acabou voltando atrás. Mas, como eu não queria voltar para o meu antigo emprego, tentei começar a trabalhar como desenhista free-lancer, mas recebi muitas rejeições. Então, pensei muito e percebi que não era um artista tão bom quanto deveria ser. Senti que tinha que tentar me tornar um artista melhor.

E como você fez isso?
DL: Arranjei empregos de meio-período.Trabalhava três vezes por semana e no restante do tempo me esforçava para me tornar um artista melhor. Fiquei nessa por uns quatro anos, até que fui convidado a fazer as ilustrações de um livro sobre uma série de TV chamada "The Logan's Run". Foi meu pontapé inicial, e daí eu continuei. Foi uma bola de neve.Trabalhei para algumas editoras até ir para a Marvel UK.

E na Marvel UK, o braço da Marvel no Reino Unido, você conheceu o Alan Moore. Como nasceu "V de Vingança" e como as idéias de vocês se desenvolveram?
DL: O editor com quem eu trabalhava na Marvel queria fazer sua própria revista e me chamou. A pauta era basicamente um mascarado que combatesse o crime e eu deveria escrever e desenhar. Mas, na época, achei que não fosse fazer um bom trabalho escrevendo. E conhecia Alan muito bem. Então, o convidei para trabalhar comigo, e ele aceitou. Nos sentamos juntos e trocamos idéias. "V" foi, na verdade, a combinação de duas coisas. Eu tinha criado a história de uma revolucionária urbana lutando contra uma ditadura fascista na Inglaterra, uma mulher chamada Evelina Falconbridge. E Alan tinha umas idéias malucas sobre um assassino em série e um homicida com um plano de vingança. E nessas duas idéias, uma chamada The Doll (O Boneco) e a outra The Clown (O Palhaço), os dois personagens usavam uma maquiagem meio maluca no rosto.

Foi daí que nasceu o V?
DL: Ele foi uma mistura de tudo isso, resultando naquela figura que luta contra uma ditadura fascista na Inglaterra do futuro. A idéia original era deixá-lo com uma aparência muito mais mundana, mas Alan queria fazer algo teatral.

E como é que você teve a idéia para a máscara do Guy Fawkes?
DL: Guy Fawkes foi um revolucionário inglês que queria explodir o Parlamento. Ele e vários outros conspiradores plantavam bombas para criar desordem. E nosso personagem iria fazer exatamente a mesma coisa. Ele seria um sabotador, tentando destruir o governo e o regime e criar o caos.Tendo em mente a teatricalidade, eu vi que nós poderíamos realmente adotar a "persona" e a aparência de Guy Fawkes e daí veio a idéia da máscara.

O filme fez bastante mudanças em relação ao original. O que você achou delas?
DL: Eu acho que eles fizeram um ótimo trabalho. Mas é uma versão diferente da original. Eu sei que alguns fãs de "V de Vingança" odiaram o filme, mas a maior parte dos fãs que eu conheço geralmente chegava no cinema achando que ia ser horrível e se surpreendia positivamente.Assistiam ao filme, falavam "não é o original, mas é
bom" e aceitavam isso. Foi feito um bom filme, mantiveram o espírito. Não é uma traição ao original.

O que você considera de diferente no V do filme e no V do original?
DL: Politicamente, são duas obras diferentes. No original, o V é um anarquista. Ele é um sonhador, porque a única coisa que consegue começar é o caos, mas ele espera que esse caos resulte em anarquia. Já no filme ele é um pragmático, que sabe que a única coisa realista que pode fazer é encorajar as pessoas a se libertarem da ditadura e continuar daí. Eu achei a idéia do final, com todo o mundo mascarado como V, muito inteligente. É a combinação de uma expressão individual, do V, com a resistência de massa. Foi uma idéia ótima. As pessoas que se envolveram com o projeto eram fãs do livro. Acho que por isso que fizeram um trabalho tão bom. Eu deixo o debate de o que deveria ter sido mantido e o que deveria ter sido excluído para os outros, porque fiquei muito satisfeito com o resultado.

E o que você achou da reação do Alan Moore, que odiou o filme?
DL: Fiquei meio triste por Alan não ter gostado como eu. Ele ficou realmente
chateado com o filme. Acho que parte disso é porque Alan teve experiências ruins com outros de seus trabalhos no cinema, como "A Liga Extraordinária" e "Do Inferno". Mas ele foi responsável por isso, porque os direitos das obras eram dele e poderia ter mantido algum tipo de controle sobre os filmes se quisesse, dizendo "certo, vocês vão fazer o filme, mas vai ter que ser assim ou assado, ou eu não concordo". E ele não fez isso. Mas sinto por Alan ter achado tão ruim e, especialmente, por ter pedido que retirassem seu nome dos créditos.

Ele disse para o jornal The New York Times que o filme era uma prova de que Hollywood deve ser evitada a todo custo.
DL: Isso é estúpido. Eu tenho que dizer, isso é ridículo. Hollywood não deve ser evitada a todo custo, porque, a um nível muito básico, você tem um filme que espalha uma mensagem importante e com um valor filosófico fiel ao original — e eu digo que é fiel, independente do que Alan pense — e esse filme e essa mensagem estão atingindo milhões de pessoas a mais do que "V de Vingança" em sua forma original jamais conseguiria.

O que você achou do trabalho dos atores selecionados para Evey e V, Natalie Portman  Hugo Weaving?
DL: Eles foram ótimos, os dois estavam fantásticos. A cena que mais me marcou é de quando Evey sai da prisão e descobre que V é que estava aprisionando-a, toda aquela sequência. Ficou exatamente igual ao livro, foi como uma imagem ganhando vida para mim.

Fale sobre "Kickback", seu trabalho mais recente escrito e ilustrado por você.
DL: Kickback é a história de um policial corrupto em uma força policial corrupta e como e por que ele se livra dessa. Mas essa é uma explicação muito simples. A história se passa em uma cidade americana genérica, fictícia. Deixa eu pegar para você (ele começa a mostrar uma cópia do livro em inglês). Basicamente, é um suspense policial,
e sei que é uma premissa já usada em muitos filmes e séries, mas é mais do que isso. É
sobre um indivíduo e suas escolhas.
É bem mais profundo.

O realismo dos traços e as cores são impressionante. Você coloriu também?
DL: Vou te contar como eu fiz. A arte original era em preto-e-branco. Eu escaneei essa primeira versão, a imprimi e então pintei com lápis de cor. E então reescaneei a nova versão pintada e usei o Photoshop para transformar a pintura do lápis de cor em cores puras em algumas partes; em outras, mantive a textura.

Seus desenhos são muito realistas e você os faz basicamente à mão. O que você acha de artistas que trabalham só com o computador para atingir o efeito de realismo?
DL: Há uma certa tendência de usar muito computador, e acho que é preciso ter cuidado com isso, ou fica parecendo que tudo foi feito pela máquina. Essa foi a primeira vez que usei computação gráfica de um jeito mais expressivo e só o fiz quando achei que ela poderia ajudar a contar a história. É como se eu fosse um cozinheiro e estivesse adicionando alguns temperos extras. Desde que isso ajude e deixe o prato melhor, ótimo. Mas eu não colocaria tempero demais, senão você não sentiria o sabor de mais nada.

E o que pode nos dizer sobre seu trabalho em "Cidades Ilustradas"? Quais são suas impressões sobre a cidade até agora?
DL: Um amigo meu fez o livro sobre Salvador (BA). Ele me contatou em nome da editora (Casa 21) perguntando se eu queria fazer São Paulo e eu aceitei. Minhas impressões ainda são muito básicas, estou recebendo muitas informações. Eu quero
algo que represente as pessoas, o ponto de vista das pessoas. É um grande desafio, e
estou consciente disso.

Você pode nos falar um pouco sobre seu trabalho em War — História da Guerra (lançado no Brasil pela Opera Graphica Editora), com Garth Ennis?
DL: Eu fiquei muito satisfeito com ele, é um ótimo livro. Eu me diverti fazendo isso, mas foi trabalhoso. Como é uma história realista sobre a guerra, tive que fazer muita pesquisa. Cada navio, cada bomba foi retratado exatamente do jeito que era. Eu
tinha um monte de fotografias e livros de modelismo como referência.

Você tem um trabalho favorito entre tudo que já fez na sua carreira?
DL: Caramba, que pergunta difícil! Nesse momento, "Kickback" é a coisa mais importante para mim, porque ele fala sobre algo. E eu quero que todo o trabalho que eu faça seja sobre algo. Não quero ser apenas outro artista que escreveu outra aventura
do Batman ou outra história do Super-Homem, embora eu respeite quem faça isso. Mas eu não conseguiria, acabaria enlouquecendo. Eu quero que meu trabalho tenha algo a dizer, não seja apenas mais uma aventura.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Review: Batman # 95

O principal motivo para que eu voltasse a comprar os títulos regulares do Batman foi justamente a elogiada passagem de Grant Morrison pelos roteiros da revista Batman & Robin

E advinhem o que vocês NÃO VÃO encontrar nessa edição? 

Pois bem, vamos aos fatos. Na continuação da história do Judd Winick, iniciada na edição anterior, Dick precisa enfrentar o Cara-de-Barro e um vilão de segunda que ninguém se lembrava mais, conhecido como Lyle Blanco, um mercenário super-metabolizado e ultra-resistente. Paralelamente, Duas-Caras começa a colocar em prática seu plano: contratar um meta-humano com habilidades de teletransporte para chegar à batcaverna.

...

Sim, isso é surreal e é o tipo de ideia que somente poderia ter saído da cabeça doentia do Winick. E o traço do Mark Bagley também não ajuda a melhorar a qualidade desse arco. 

Mas voltando ao assunto, quando Dick consegue se livrar da dupla de vilões, Alfred o avisa que alguém invadiu a caverna e por isso ele se dirige para lá, mas suspeitando de um alarme falso, já que não havia nenhum sinal de um possível inimigo no local. O Duas-Caras se aproveita do descuido do novo Batman e durante algum tempo chega a levar vantagem no confronto, mas Alfred auxilia Dick e o vilão finalmente é derrotado e preso... por pouco tempo, pois Harvey é resgatado pelos capangas do Máscara Negra.

O Pinguim também faz uma curta participação, na qual cai numa armadilha preparada pelo Máscara Negra. Pinguim é capturado e forçado a juntar-se à gangue do Máscara, sob pena de morte. E aqui finalmente descobrimos que, ao contrário do que eu pensei nas edições anteriores, essa história não se passa num momento cronológico posterior ao arco do Paul Dini, mas sim anterior

Simplificando: Nas histórias do Paul Dini o Máscara Negra aparece como chefão absoluto do crime em Gotham, enquanto, nessa trama do Winick, Duas-Caras e Pinguim ainda lutavam pelo controle da cidade. Nessa edição descobrimos que o Máscara Negra consegue prevalecer sobre o Pinguim e o Duas-Caras, cooptando o primeiro para seu grupo e expulsando o segundo da cidade. Então, por uma questão de lógica, o segundo arco da revista (escrito por Dini) deveria ser o primeiro, ou pelo menos, o editor deveria fazer uma nota explicando essa questão cronológica, a fim de evitar mal-entendidos. FAIL Levi Trindade!

No final, Dick descobre um possível segredo que pode mudar tudo o que ele pensava a respeito do assassinato de sua família, bem como, seu relacionamento com Bruce Wayne... ou não. Judd Winick gosta de brincar com aquilo que ele considera "suspense". Provavelmente essa "ponta solta" não deve render nada de interessante, pra variar.

Na segunda história, Paul Dini constrói um enredo simples, no qual é apresentada uma personagem chamada de "Corretor", um sujeito que ganha a vida providenciando locais para servirem de esconderijo ou base para vilões. É uma trama que fala sobre os conflitos internos de um homem que repudia completamente o trabalho que faz, mas que, ao mesmo tempo, não possui mais nada a fazer além daquilo que tanto odeia. Nada de novo no front, portanto.  Silêncio continua sendo vigiado de perto pelos aliados da Morcega, mas, sinceramente, não dá para perceber onde o Dini quer chegar com isso.

Resumindo: essa é uma edição fraca e a única boa notícia é que (finalmente) as histórias do Morrison voltam no próximo número. Aleluia!



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Batmóvel Super Powers Custom - Parte 2



Nos últimos meses meus trabalhos com customs ficaram praticamente paralisados devido a  reformas em casa e alguns contratempos. Definitivamente poeira, fuligem, transformers e tinta não combinam.

O fato é que, por conta disso, meu progresso está sendo lento. Já pintei o cockpit e toda a carroceria, mas eles vão precisar de alguns retoques. Também pintei os detalhes do motor do carro na parte de baixo da carroceria.  Os pára-brisas já estão prontos. 

E como eu disse em outra ocasião, meus trabalhos são feitos na base da tentativa-e-erro, o que significa que os percalços no meio do caminho não são poucos. Nesse caso, percebi que não vou conseguir usar meu aerógrafo para aplicar o verniz automotivo sobre as tintas, porque ele é pequeno demais para revestir uma camada homogênea de verniz sobre o batmóvel inteiro de uma vez. Assim, vou ser obrigado a pedir a ajuda de meu amigo e colaborador Leandro para cuidar dessa parte do acabamento, mas antes vou precisar finalizar a parte das calotas e os retoques.  

Eu pretendia colocar algumas fotos para demonstrar o andamento do trabalho, mas meu amigo Wagner sugeriu que eu deveria postar as fotos somente quando o trabalho estiver concluído (reclamem com ele).    =P


***
Será este o fim do batmóvel?? Terá ele sobrevivido todas essas décadas apenas para ser feito em pedaços??

Não perca a continuação dessa aventura nesse mesmo bat-horário e nesse mesmo bat-canal!!

***
(Desculpem, eu me empolguei....)          =P


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2



Todo mundo diz que é muito difícil uma sequência ser melhor do que o filme original, mas José Padilha conseguiu essa proeza. Muitos atores do primeiro filme voltam afiados em seus respectivos papéis. É legal ver de novo as malandragens do sargento (agora comandante) Fábio, ou o angustiado tenente-coronel Nascimento (sim, ele também foi promovido).

Wagner Moura faz uma atuação que não poderia ser descrita de outra forma senão brilhante. Sua personagem está mais velha, visivelmente mais abatida (por conta de seus problemas pessoais), mas continua à frente de seu batalhão no BOPE, conduzindo os esquemas táticos, e não mais em campo. Posteriormente, Nascimento passa a ocupar o cargo de sub-secretário de segurança pública do Rio de Janeiro.

Muitos achavam que Tropa de Elite 2 seria mais um filme de ação, com policiais estereotipados combatendo bandidos igualmente estereotipados. Nada mais distante da realidade. Assim como seu antecessor, esse filme é um soco na cara do telespectador. Contudo,  "o inimigo agora é outro" e o foco não está mais no tráfico ou nas críticas contra a classe média alta que sustenta o mercado de drogas no país.  José Padilha mira sua arma contra a corrupção em todas as esferas da política nacional.

De forma simples e direta, o filme descreve como as milícias ocuparam o lugar dos traficantes no comando dos morros do Rio, bem como, a estreita relação entre essas milícias e a classe política. Para os políticos, a marginalidade não é algo a ser combatido, mas sim a ser manipulado a favor de seus próprios interesses. Convém lembrar que o filme é ambientado durante a época em que Anthony Garotinho era governador do Rio e em cujo mandato as milícias iniciaram suas operações. Aliás, não parece ser coincidência que o sobrenome do governador no filme (Gelino) tenha as mesmas letras (inicial e final) do sobrenome do ex-governador citado.

É chocante ver como a opinão pública é manipulada por um deputado estadual, aliado do governador que, na frente das câmeras, parece fazer críticas severas e advertências a Gelino, mas, na verdade, o "deputado-apresentador" está apenas preparando o terreno para que a mídia e a audiência  de seu programa apóiem as ações planejadas para controlar os morros (com as extorsões e  violência das milícias), garantindo assim grande popularidade e votos.

As milícias de policiais não são grupos de justiceiros. Eles não pretendem estabelecer ou restabelecer a ordem. O verdadeiro objetivo é continuar explorando os moradores dos morros dominados, extorquindo dinheiro para financiar as mais diversas atividades criminosas e até mesmo a campanha de reeleição do governador. Este, por sua vez, faz vista grossa ante as atividades das milícias, o que garante verdadeiras fortunas aos policiais corruptos. 

Há uma nova personagem em cena, que personifica a antítese do Coronel Nascimento: Fraga, um típico professor universitário de História, socialista e defensor dos direitos humanos. Ele também é parcialmente responsável pelos desdobramentos nefastos do filme e se aproveita da repentina popularidade em proveito próprio, assim que a oportunidade aparece. Fraga vai descobrir que não é possível denunciar todo o esquema de corrupção, pelo menos não sozinho. Particularmente acho que essa personagem se parece muito com Aldo Rebelo, um político que posou de santo durante muitos anos e que, agora, apresenta um projeto de Código Florestal que, se aprovado, irá permitir uma devastação ambiental sem precedentes. 

E é bom se lembrar disso, quando estiver à frente da urna, no próximo domingo ou nas próximas eleições.

O discurso final do Coronel Nascimento na Assembléia Legislativa do Rio ou sua narrativa enquanto a câmera percorre Brasília formam uma análise fria, sinistra e perturbadora, embora precisa, da situação política nacional e da corrupção que assola nossas instituições.  

Sem dúvida é um filme que todo brasileiro deveria assistir, por dever cívico. Tropa de Elite 2 é o melhor filme nacional que já assisti e, com certeza, irei vê-lo novamente, assim que possível. Nota 10! 





quarta-feira, 20 de outubro de 2010

No Fest Comix 2010!



A 17ª edição do Fest Comix ocorreu no último final de semana, entre os dias 15 e 17 de outubro. E como vem ocorrendo há alguns anos, a organização da feira elaborou uma programação com palestras de diversos profissionais dos quadrinhos (entre eles David Lloyd,  Luke Ross e Joe Bennett) e representantes de editoras, além de exibição de vídeos.

No sábado à tarde a fila para entrar chegava na esquina, o que já indicava que a disputa pelas melhores ofertas de HQ´s seria acirrada. Com descontos de vinte por cento (em média) sobre o preço de capa, a feira atrai colecionadores de São Paulo e até de outros Estados. 

No saguão de entrada, assim como nos anos anteriores, foram montados estandes de lojas que vendiam revistas antigas, action figures, camisetas, chaveiros, bonés e todo o tipo de quinquilharia nerd. Havia também um telão onde os visitantes podiam jogar vídeo-game e um mini-palco para o pessoal do cosplay








Não, não sou o Drift.











Hovercraft e F-14 Tomcat dos Comandos em Ação... itens que só alguns 
poucos felizardos tiveram no Brasil durante os anos 80. 

Infelizmente nesse ano não era permitido fotografar dentro do espaço da feira, que, aliás, foi um pouco reduzido. Acho que a maior diferença da edição 2010 foi a pequena variedade de títulos novos (o que não é culpa do Fest Comix, já que HQM, Devir e JBC pisaram no freio, enquanto outras editoras como a Opera Graphica encerraram suas atividades). Por esse motivo, nesse ano já não era possível encontrar tantas revistas de selos como Dark Hourse, Dinamite, Vertigo e Wildstorm. Com menos editoras, há menos títulos lançados. Esse é um dos motivos pelos quais sempre fui contra a concentração de mercado, principalmente por parte da Panini.

Aliás, os leitores de Estranhos no Paraíso ou do Invencível que esperavam encontrar algum lançamento dessas séries saiu bastante frustrado do evento. Valeu mesmo, HQM!

Eu mesmo achei que não iria levar mais do que a edição # 95 do Batman, que venho resenhando aqui, mas, depois de circular um pouco, acabei encontrando algumas coisas que eu queria, como os encadernados de Camelot 3.000, Frequência Global e Transmetropolitan. Mas, por outro lado, não levei o sexto volume de Fábulas, porque todos os exemplares já haviam sido vendidos.

Logo após encerrar as compras, tive a oportunidade de assistir a palestra de David Lloyd (desenhista de V de Vingança), que estava promovendo sua mais recente obra Kickback. Gostei muito da apresentação desse trabalho e da forma espontânea com que o artista respondeu as perguntas e por isso decidi comprar um exemplar, o qual, ao final do evento, foi devidamente autografado. David Lloyd falou sobre o método utilizado para colorir Kickback (lápis de cor com retoques em photoshop), suas bandas preferidas (Talking Heads, Prodigy, Chemical Brothers, entre outras), suas influências artísticas, seus projetos futuros (um trabalho para a DC Comics, mas ele não especificou qual) e sua opinião sobre quadrinhos virtuais (segundo ele a tecnologia não irá acabar com as HQ´s em papel e o fato das pessoas continuarem comprando revistas impressas é prova disso).




Devo dizer que, por causa do meu excepcional inglês, não pude trocar mais do que algumas palavras com David Lloyd mas, pelo breve contato, pude perceber que o velhinho é uma pessoa muito bacana, além de um artista sensacional. Quando minha edição de Kickback foi autografada, ele já havia matado uma garrafa de vinho e mesmo assim estava desenhando melhor do que muitos "profissionais" que eu conheço.  =P





Thank you very much Mr. Lloyd!  =D

Infelizmente não pude assistir o documentário sobre a vida do Grant Morrison, mas não posso reclamar. A verdade é que passei uma tarde muito divertida com minha namorada e um amigo que veio de Curitiba para conhecer a feira (e a quem agradeço por algumas fotos deste post). E no fim isso é o que realmente importa: estar perto dos seus amigos e das pessoas que você ama.